Comunidade de Pau da Lima faz passeata para pedir melhorias


Sileide Azevedo

A comunidade de Pau da Lima realizou uma passeata pelo bairro para reivindicar do poder público ações de melhorias para a localidade. Os manifestantes denunciaram que a população está completamente esquecida pelos governos estadual e municipal. “Nós aqui estamos esquecidos, parece que esses homens não nos veem, isso chega ser angustiante. A gente sofre!”, reclamou um morador Joel Cerqueira.

 A manifestação, denominada de “Movimento Chega de Descaso”, foi pensada e organizada pela Igreja Católica em parceria com a Associação dos Moradores de Pau da Lima (Ampli). Contou com cerca de cem participantes que foram se unindo ao protesto durante o percurso, que iniciou em frente ao posto médico e seguiu até a prefeitura do bairro em São Marcos.

Entre as reinvindicações dos manifestantes estavam saúde de qualidade, educação eficiente e segurança efetiva. “Aqui não tem nada disso e, apesar de ter uma UPA e um posto de saúde para servir a comunidade, para nada servem, a não ser pra passar raiva”, criticou a moradora Carmelita Silva, 60, que denunciou que muitas mães ficam impossibilitadas de trabalhar por não terem uma creche comunitária para acolher as crianças.


Durante o trajeto, o trânsito ficou parcialmente interrompido em virtude dos manifestantes terem ocupado uma das vias públicas. Mas apesar dos transtornos, o motoboy José de Barros manifestou apoio à ação porque, segundo ele, o bairro foi mesmo esquecido pelos gestores, mas principalmente pelo prefeito da cidade que muito pouco tem feito. “Apesar do engarrafamento que está causando, eles têm o meu total apoio, afinal de contas eu moro aqui e sofro na pele com a falta de tudo o que eles estão reivindicando aí, principalmente da segurança. Pau da Lima e São Marcos parecem não fazer parte de Salvador”, desabafou o motociclista. Assim como o motoboy, outros motoristas que passavam na mão contrária, em motos, carros populares e ônibus, demonstravam apoio às pessoas que estavam ali tentando fazer valer os seus direitos de cidadãos.


A presidente da Ampli, Cláudia Ribeiro, 53, diz morar no bairro há 43 anos e garantiu que apesar de todas as dificuldades que já foram vivenciadas pela população do local, eles nunca foram tão desrespeitados como estão sendo agora pelo prefeito de Salvador. “O desprezo que ele nos dedica é tão grande e forte que o posto de saúde que brigamos pela reforma estava com a farmácia mofada no dia da inauguração”, desabafou a gestora.

O padre Jorge Brito, que está à frente da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora há 10 anos, garante que o pouco avanço que Pau da Lima tem hoje é fruto de muitas lutas da igreja e da associação que se uniram em favor da comunidade, mas que com a gestão do prefeito ACM Neto o bairro está retrocedendo. “Eu ainda não consegui entender o que ele está querendo com todo esse descaso com os moradores de Pau da Lima, porque nós estamos sofrendo com o que ele tem nos feito passar, a humilhação é grande, mas não vamos desistir de lutar para que o quadro se reverta”, afirmou.

Outros moradores denunciaram ainda, que a prefeitura do bairro, onde eles deveriam encontrar atendimento para diversas necessidades, como marcação de consultas e exames, agendamento e cadastramento do Bolsa Família, entre outros, não tem funcionado eficientemente e que os profissionais ainda lhes desrespeitam na hora de passarem informações.

Procurada, a subprefeitura, através do seu representante, Roberto Salles, supervisor de atendimento da unidade, disse que no local são feitos diversos atendimentos à população do bairro, mas que as dificuldades e as insatisfações estão em todos os lugares e que fazem parte de qualquer serviço. Todavia, reconheceu o fundamento de algumas denúncias feitas pelos moradores, mas garantiu que eles estão trabalhando para melhorar dentro das suas possibilidades. “Reconhecemos a insatisfação deles, mas existem coisas que fogem à nossa alçada, mesmo assim, prometo buscar meios de melhorar o atendimento a essas pessoas para que outros erros e desrespeitos não voltem a acontecer”, afirmou.

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