Parque São Bartolomeu luta para trazer de volta visitantes


Entrada do Parque São Bartolomeu
Local de lazer para as pessoas do Subúrbio Ferroviário de Salvador e um dos maiores remanescentes da Mata Atlântica em área urbana do país, o Parque São Bartolomeu, localizado próximo ao bairro de Plataforma, está de portas abertas à visitação. Porém depois de revitalizado em outubro de 2014, volta chamar a atenção pelo problema da violência.

Antes de sua revitalização, o lugar era conhecido por frequentemente serem encontradas vítimas de assassinatos e pelos assaltos frequentes. Logo após ser requalificado, os seguranças eram presença constante no local, quiosques foram construídos e funcionavam das 8 às 17h30. De terça a domingo, grupos culturais ensaiavam com frequência e o parque nunca ficou sem visitação, seja para um banho de cachoeira em uma tarde quente com os amigos ou para sentar com a família em um dos quiosques e curtir o começo da noite.

Visita dos alunos do Centro Educativo João Paulo II
Para Vandson Teixeira, produtor atuante no Parque, a área tem muito a ser explorada, porém é pouco divulgada: “Aqui tem uma história riquíssima. A história da Bahia tem grande parte aqui (sic), mas ninguém fala. Conheço moradores do próprio subúrbio que não conhecem o Parque, isso é triste”. Ele ainda cita eventos realizados no local e que por mais que tentem não conseguem divulgação nas grandes mídias: “Tem muita coisa boa aqui, o Trilha Ecocult que ocorre uma vez ao ano e ninguém sabe. Este ano foi realizado em 11 de Junho, com café e intervenção artística. Este mês também tiveram dois eventos grandes, uma aula de percussão aberta e uma excursão do colégio Centro Educativo João Paulo II, que trouxe diversas crianças para conhecer o local”, lembra o produtor.

O Parque São Bartolomeu também é de grande importância para religiões de matriz africana. Santuário do Candomblé, diversos rituais da religião são praticados por lá. As três cachoeiras que pertencem ao Parque têm nomes de orixás: Oxumaré, Oxum e Nanã. Além do centro de referência e praças que também homenageiam a religião. Para Carolina Lima, estudante, produtora cultural e praticante do Candomblé, o Parque possui um valor que não é apenas histórico: “Aqui tem uma energia que emana, sabe? Traz uma coisa boa, as nossas reuniões que são realizadas aqui, trazem algo melhor, lavamos a alma”, conta. Esta herança africana origina-se no século XVII quando o Quilombo dos Urubus foi formado no local.

Apresentação do cantor de rap Joeverson Miranda
Porém, dois anos após a reforma, a segurança no Parque diminuiu e atos violentos voltaram a acontecer. Em abril de 2016, ocorreu um estupro e a população que frequentava sentiu o medo assolar novamente. Joeverson Miranda, que mora em frente ao local, disse que a segurança frequente diminuiu mais da metade: “Logo no começo, eram mais de quatro seguranças por aqui, aí foi diminuindo. O caso do estupro coletivo foi o auge e depois disso o medo de frequentar o Parque voltou, entende? Mesmo com o número de eventos e coisas que eles fazem, a população fica com receio de ir”, desabafa Joeverson, que se apresentava no Parque como cantor de rap.
Cosme Miranda, atual gestor do Parque, acredita que se a população aceitar que o local é para lazer, as autoridades voltem a se preocupar com a segurança: “Logo depois da revitalização, isso aqui não ficava vazio nunca, depois começaram a dispersar, ir para o Centro, e aí fomos deixados um pouco de lado para segurança (sic). Nós, do parque, tentamos chamar essa população de volta, por que aqui não deixa a desejar em relação ao Parque da Cidade ou ao pôr-do-sol em locais como o MAM. Além de que tudo isso pode ser visto perto de casa e com intervenções artísticas que ocorrem com assiduidade aqui”, lamenta Cosme.

Origem - O Parque foi criado pelo decreto municipal nº 5363 de 28 de abril de 1978, vizinho ao Parque do Rio do Cobre. Unidos os parques tem uma área total de 450 hectares. Além da rica mata, o local é de grande importância para a história da Bahia. A região foi habitada por tupinambás e, no século XVII, foi palco das lutas contra a invasão holandesa e logo depois passou a ser abrigo para quilombolas.

Por Paloma Mota e Jennifer Gomes

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