Projeto social em Pau da Lima transforma vidas de jovens e adolescentes

Sileide Azevedo

Associação dos Moradores de Pau da Lima (Ampli) oferece projetos sociais a crianças, jovens e adolescentes de sua comunidade para não entrarem no submundo do crime e capacitá-los para o mercado de trabalho. De segunda a sexta-feira, a sede da Ampli fica repleta de alunos que separam duas horas do final do seu dia para irem aprender capoeira e dança de rua. Anteriormente, antes do término da parceria com o governo federal, eram oferecidas aulas de muay thai, karatê e ballet.

Os professores Maurício Carvalho e o Mestre Toby, responsáveis pelas aulas de dança de rua e capoeira, respectivamente, os projetos sociais, possuem o objetivo de ajudar os jovens a vencer as dificuldades das pessoas que moram nas periferias, devido à falta de assistência do poder público.

Capoeira - A capoeira é ensinada pelo Mestre Toby há quase 27 anos na Associação. Atualmente ministra aula para 35 alunos com idades entre 4 e 35 anos. Ao longo dessa trajetória, esse projeto já formou professores e contramestres que hoje ajudam a capacitar novos alunos na Ampli e em outras comunidades. “Eu iniciei a capoeira aqui com o mestre Toby com 6 anos de idade, hoje tenho 25 e não consigo mais largar essa cultura, esse esporte maravilhoso”, afirmou o professor “Cobrinha”.

Deise, conhecida na capoeira como “Graduada Pachaco”, também foi aluna do projeto social da Ampli e assim como o seu esposo, o professor Cobrinha, ela se graduou e atualmente usa o que aprendeu durante seis anos para ajudar a transformar as vidas de outras pessoas que buscam apoio nesse esporte. “A capoeira pra mim é uma liberdade de expressão e se resume no juramento que o mestre me passou.”   Veja o juramento abaixo.



Thiago que é conhecido no grupo como “Carreteiro” está há 5 anos no projeto e fala orgulhoso da oportunidade que recebeu. “A capoeira é esporte, atividade física e folclore. E é muito bom estar aqui com esse grupo, eles são praticamente a minha segunda família”, garantiu o capoeirista.


Para o Mestre Toby é muito gratificante poder usar o seu dom para salvar vidas. Ele diz que apesar de não poder ajudar todo mundo, já se sente feliz por conseguir mudar o rumo de tantos jovens que saíram do crime para aprender a capoeira. “O meu objetivo e o objetivo desse projeto implantado pela Ampli é ajudar as crianças, os adolescentes, os jovens e até os adultos sem perspectivas. Infelizmente, nós não conseguimos fazer mais, mas o pouco que temos feito já tem refletido positivamente no bairro”, assegura Toby.

Dança - Além da capoeira, a Ampli também abriu as portas para a dança de rua que conta com um grupo composto por 25 alunos de meninos e meninas de várias idades. Eles ensaiam de segunda a sexta-feira a partir das 19h00, na sede da Associação.

Débora Cristina, 16 anos, se juntou ao grupo de dança na Ampli quando tinha 15. Ela afirma que ama dançar e tem o sonho de se tornar uma bailarina profissional, então viu no projeto a oportunidade de aprender a profissão que sempre sonhou seguir carreira.

Já Ramon dos Santos tem 19 anos e dança no projeto da Ampli há um ano e meio. Ele diz que se juntou ao grupo mesmo sem apoio da família que nunca quis que ele seguisse a dança. O jovem afirma que hoje a sua família apoia a sua escolha, pois são testemunha da mudança radical que a dança e o projeto Ampli provocaram na sua vida. “No início, eu fui criticado por muita gente, inclusive pela minha família que diziam que isso aqui não me levaria a nada, mas hoje elas aplaudem a mudança que houve em mim. Eu era uma pessoa muito brigona, mas graças a Deus e a esse projeto hoje eu sou um novo rapaz”, garante o dançarino.

Os passos são administrados pelo professor Maurício Carvalho, 32 anos, que dança profissionalmente há mais de 10 anos e já está no projeto há 3. “O objetivo desse projeto aqui em Pau da Lima é tirar os jovens das coisas ruins, do álcool, da droga e da criminalidade. E a dança é uma das minhas paixões. Eu fico muito feliz em estar podendo usar o que melhor sei fazer para ajudar a minha comunidade”, justificou.

Trabalhos como os que são realizados na Associação dos Moradores do Bairro de Pau da Lima também têm o poder de agregar famílias. Prova disso é Danielle que só tem 4 anos e desde muito cedo frequenta a Ampli com os seus pais, a “Graduada Pachaca” e o professor “Cobrinha”. Apesar da pouca idade, Danielle mostrou que herdou o talento dos pais para a capoeira. Veja abaixo o depoimento de Danielle.



Ampli - A Ampli existe desde 1962 e há mais de 10 anos, em parceria com o governo federal, vinha capacitando os moradores do bairro para o mercado de trabalho através de cursos profissionalizantes de pedreiro, pintor, carpinteiro, eletricista, costureira e de informática.

Porém, tudo isso ficou no passado depois que a verba que custeava os gastos mensais com os alunos, que iam desde os fardamentos, instrumentos e até a alimentação, foi cortada no início do ano passado pelo novo governo.

Por causa disso, apenas alguns projetos sociais foram mantidos através da ajuda de alunos, dos professores e associados que contribuem com uma pequena taxa mensal para a Associação conseguir pagar ao menos a conta de energia e de água. Pela falta de recursos financeiros, a instituição se viu obrigada a suspender outras modalidades que existiam no projeto, como o muay thai, karatê e ballet.

Jovens e adolescentes, alunos do projeto explicam que o esporte ajudou a tirá-los de caminhos errados, é o que conta esse graduado. Ouça o áudio aqui.

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