Moradores buscam mostrar pela arte que o local é mais do que os estereótipos
Além do grande número de habitantes, no subúrbio são encontrados diversos pontos considerados de grande importância para a história da cidade. Esse é o caso da Igreja Nossa Senhora de Escada (Escada), que poucos anos após a sua fundação recebeu a visita do Pe.José de Anchieta para se recuperar de uma enfermidade. Por lá também encontra-se o Parque São Bartolomeu, que foi habitado por tupinambás. No século 17, essa reserva de Mata Atlântica foi palco das lutas contra a invasão holandesa, e no século 19 foi local onde as lutas pela independência da Bahia foram travadas.
Por sua beleza e tranqüilidade, a orla da suburbana era considerada área de veraneio para pessoas abastadas e foram construídos casarões que podem ser vistos ainda hoje em localidades como São Tomé e Plataforma. O bairro de Plataforma também foi um pólo industrial importante, com a usina do fazendeiro Almeida Brandão que, nove anos mais tarde, seria transformada na Fábrica São Braz. Juntamente à fábrica União Fabril dos Fiais contribuíram bastante para o povoamento da comunidade e as ruínas das duas ainda podem ser vistas.
Perinho Santana Foto: Acervo pessoal |
Para Perinho, suas poesias contribuem de forma positiva na visão do suburbano, por se sentirem representados de uma forma diferente da realidade: ”Sou nascido e criado em Plataforma, e eu sei que aqui não tínhamos muito contato com isso de poesia, de arte, cultura. Era algo tão distante, aí eu precisava uma forma de mostrar que podemos ser quem quisermos e incentivar os jovens e os mais velhos a lutarem. Fico feliz quando ouço histórias de que realmente contribuí de alguma forma para essa luta”.
Anderson Simplício Foto: Acervo pessoal |
Anderson é criador da página do Facebook Belezas do Subúrbio que em menos de dois anos após sua criação conta com mais de 75 mil seguidores e tomou proporções nacionais: “Depois de casado resolvi correr pela Suburbana, e nessas corridas eu não consegui passar por aqueles lugares sem conseguir tirar nenhuma foto. Resolvi mostrar para alguns amigos e postar em minha rede social pessoal. Com o destaque, decidi organizar todas criando a página. Daí pra frente a cada foto aumentava o número de seguidores e compartilhamentos", diz ele. Animado com o sucesso da página, Anderson decidiu estudar mais sobre fotografia, e com isso o seu trabalho tem se profissionalizado.
Camila Souza Foto: AEN Unime |
A fotografia também foi a forma encontrada por Camila Souza para mostrar o local que nasceu e foi criada. A exposição “Janelas da Favela” ficou aberta à visitação no teatro Gamboa Nova e no Centro Cultural de Plataforma, em 2016. Diferentemente de querer mostrar uma realidade para quem está fora, a intenção de Camila sempre foi fazer com que moradores acreditem na beleza do local. “Para mim, é ainda mais importante que as pessoas que moram aqui reconheçam a beleza do lugar. Se eu consigo fazer que os moradores do subúrbio valorizem o local, eu já fico satisfeita, o resto é consequência”.
Camila acredita que quando o morador do subúrbio aceita sua cultura, consegue passar isso para quem é de fora: “Mostrando primeiro para o povo suburbano e depois para as pessoas de outros lugares que somos um povo rico em arte, cultura e privilegiados pelas belas paisagens que cercam nosso território”.
Atualmente Camila será mediadora do projeto FotoTrem, que irá ensinar técnicas de fotografia experimentais (Cianotipia, Marrom Van Dyke, Papel Salgado e Goma Bicromatada) a jovens fotógrafos moradores do subúrbio e região, as oficinas serão realizadas na estação de trem da Calçada.
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