Projeto Canteiros Coletivos promove ações ecológicas em Salvador

Há mais de oito anos, o projeto Canteiros Coletivos vem realizando ações ecológicas com o objetivo de alertar e mobilizar educadores e estudantes de pequenas comunidades. O foco é apresentar dados sobre o aumento do acúmulo de lixo e o prejuízo que a perda de vegetação pode causar à saúde dos humanos e ao meio ambiente.

Débora Didonê     Foto: Canteiros Coletivos (Facebook)
Por Iasmim Moreira

Todo plano foi idealizado e coordenado pela jornalista e empreendedora socioambiental Débora Didonê que promove encontros, até então, mensais para motivar as as populações periféricas para que ocupem e transformem positivamente as áreas verdes de convívio espalhadas pela cidade.

De acordo com Débora, o projeto surge a partir da inquietação das pessoas diante da poluição em espaços extremamente movimentados. “O projeto é também uma forma de dar voz a algumas pessoas que observam o lixo e a perda de vegetação que toma conta da nossa cidade”, diz. “É uma oportunidade de agir, para que todos possam usufruir do espaço de forma segura e consciente. Foi com essa iniciativa que encontrei outras pessoas que hoje me acompanham nas mobilizações”, acrescenta.

A partir deste pensamento, o ideal do projeto foi ganhando forma após um acidente que houve em 2002, no Largo de Santo Antônio (Centro Histórico), local onde Débora reside. “Um caminhão atingiu uma árvore antiga que logo depois teve que ser retirada. O acidente foi só um motivo a mais para aquela árvore ser retirada, porque a planta já se encontrava, completamente deteriorada por causa das chuvas e infestada de cupins”, relata a jornalista.

Foto: Projeto Canteiros Coletivos
O acontecimento fez com que Débora refletisse sobre a necessidade de um alerta maior em relação a arborização de Salvador. Deste modo, para suprir a árvore arrancada, a jornalista decidiu se reunir com vizinhos e amigos para colocar novas plantas na arquitetura principal da praça do Santo Antônio.

Um dos primeiros moradores a se manifestar foi o microempresário e estudante Raphael Gazotti, 29. “A árvore ficava em cima de um jardim infantil e poderia cair em cima de uma criança. Essa situação nos fez pensar em como nós, moradores daqui, podemos planejar uma plantação que deixe a nossa praça mais humana e segura, e não apenas esteticamente bonita”, afirmou Raphael.

Plantar e conservar

O Canteiros Coletivos é uma organização autônoma desde o princípio, as pessoas que têm interesse em participar das mobilizações é apenas acompanhar o projeto pelas redes sociais. Todos os membros são responsáveis pelos cuidados, monitoramento e manutenção dos novos jardins construídos.

Nos grandes espaços da cidade, o projeto conseguiu o apoio da Secretaria Municipal de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência (Secis), que oferece serviços como distribuição de parte das plantas, mapeamento do local, clima e cuidados a serem tomados posteriormente.

Débora assegura que medidas do serviço público como estas são importante para que boa parte dos planejamentos sigam em frente. “Salvador ainda é muito precária quando se trata de plano de arborização. Isso significa que, há muito tempo não se tem um tipo de leitura que balance a quantidade de árvores que foram perdidas e colocadas”, comenta. “Analisamos cuidadosamente essa questão de não existir um plano para árvores antigas, quando árvores históricas se acabarem, como vamos ficar? Podemos suprir? As políticas públicas para as áreas verdes é algo a se pensar”.

Sustentabilidade nas escolas

Projeto Escola Verde com Afeto   Foto: Canteiros Coletivos (Facebook)
Além do plantio coletivo, que com o tempo ganhou uma escala ainda maior, a jornalista junto com grupos interessados, começaram a mobilizar e estimular as pessoas para a situação através de projetos mais concretos, palestras, oficinas e workshops. Um dos destaques foi o projeto Escola Verde com Afeto realizado em 2018, onde grupos do Canteiros Coletivos trabalharam na implementação e revitalização de locais poluídos de seis colégios da cidade. “Eu considero o projeto Escola Verde com Afeto um dos mais maduros do Canteiros. Tentamos resolver vários problemas em uma única ação, ou seja, enquanto desconstruimos esses depósitos irregulares, também trouxemos mais verde para esses espaços”, afirma.

Esta, entre outras ações como os novos plantios feitos no Canteiro Gantois, Garibaldi, no Parque Solar Boa Vista e no Vale do Canela - local onde abriga o laboratório experimental da organização - abriram espaço para que novos trabalhos fossem realizados e outros recebessem continuidade. “Nós fomos contemplados pelo edital do projeto Movimento Bem Maior, que disponibilizou recursos para auxiliar no desenvolvimento de projetos durante um ano”, comemora Débora.

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