Com 800 anos de história, devoção à Conceição da Praia ainda é uma das maiores festas na Bahia

Foto: Adenilson Nunes / Agecom
Conhecido mundialmente pela alegria e hospitalidade, o baiano adora uma “Festa de Largo”. É assim na Lavagem do Senhor do Bonfim, na Colina Sagrada, na festa de Iemanjá, no Rio Vermelho, na festa de Santa Bárbara, no Rosário dos Pretos e nas comemorações de Nossa Senhora da Conceição da Praia, padroeira da Bahia, no bairro do Comércio.

Celebrada no dia oito de dezembro, esta festa reúne milhares de fieis católicos, baianos e turistas, que assistem a diversas missas e participam da tradicional procissão pelas ruas da Cidade Baixa.

Tradicional festa nas imediações do Mercado Modelo, com barracas de comidas típicas e bebidas, unindo a profana alegria do baiano à sagrada devoção religiosa, a festa da Conceição da Praia sustenta ao menos três referências históricas há mais de 850 anos.

A primeira delas aconteceu em 1147, com o início da devoção à Santa, em Portugal. De acordo com alguns relatos, os portugueses tornaram-se devotos de Nossa Senhora da Conceição, assim que conseguiram retomar Lisboa do poder dos mouros. Outra versão marca o ano de 1549. Segundo historiadores, a tradição começou no Brasil, logo que a cidade de Salvador foi fundada neste mesmo ano, pelo governador-geral do Brasil, Tomé de Sousa, devoto da Santa.

Uma terceira teoria remonta à década de 1930, quando o monsenhor Aquino Barbosa, então vigário da Conceição da Praia, sugeriu a uma baiana do acarajé que instalasse uma barraca maior para vender comida. A partir daí, começou o lado festivo que, até hoje, atrai inúmeras pessoas.

Os festejos começam ainda no final de novembro, com a novena que acontece todas as noites na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, na Praça Cayru. A celebração envolve missas campais e a procissão. Paralelamente, ocorre a tradicional festa de Largo, nas imediações do Mercado Modelo, ponto de encontro de amigos e pessoas de todas as idades.

Rafael Biset, gestor comercial, conta que “o público sempre se dividiu muito. Eu não alcançava a parte religiosa porque era pela manhã e eu estava na Barra, que por sua vez acabava mais cedo, devido às queixas dos moradores. É legal, eu sempre gostei. E você observa sempre a diferenciação dos frequentadores dos dois lugares.”

Devoção

“Vejo na Imaculada Conceição o desejo daqueles que manifestam seu carinho a Nossa Senhora, e também o desejo de abraçar a sua pureza. Isso é o que me chama atenção”, revela o Cônego Osmar Júnior. O padre conta ainda que a proclamação do Dogma da Imaculada é “a afirmação daquilo que já está na fé do povo, de uma maneira oficial”.

“Interessante a forma como as pessoas se reúnem pra poder fazer acontecer. É gratificante você ver o brilho no olhar das pessoas e saber que tudo aquilo é feito com amor. Não sou devoto da Imaculada Conceição, mas foi por causa dela que iniciei minha caminhada na Igreja Católica. E foi através dela que consegui algo extraordinário, que foi tocar na Basílica da Conceição da Praia”, declara o músico Tony Cleber.

Para o seminarista Fernando Dias, “a festa de Nossa Senhora da Conceição da Praia é muito sustanciosa. Ir à festa da Virgem Maria é ir à sua própria casa e ser recepcionado pela sua mãe que te abraça e te acolhe. Ir à festa da Virgem é pedir a ela sua materna intercessão, a fim de que o Pai do céu escute as nossas súplicas” afirma.

Nesse ano, a festa celebra os 161 anos da proclamação do dogma da Imaculada Conceição pelo Papa Pio IX, no ano de 1854.

1 Comentários

  1. E impressionante ver quao cheio de fe e de esperanca e o povo baiano. Bonito de se ver tanta devoção.

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